NATAL/ASSU - Na última semana, a Câmara Municipal de Natal prestou homenagem à irmã Lindalva Justo de Oliveira, freira potiguar assassinada em Salvador (BA) e que no próximo dia 2 de dezembro receberá da Igreja Católica o título de Beata.
A homenagem que contou com a presença de familiares da religiosa, entre eles, a mãe Maria Lúcia da Fé, foi proposta pelo vereador professor Luís Carlos (PMDB), casado com uma das sobrinhas da freira.
Lindalva Justo de Oliveira nasceu em 20 de outubro de 1953, no pequeno povoado Sítio Malhada da Areia, município de Assu. Filha do segundo matrimônio de João Justo da Fé (viúvo) e Maria Lúcia da Fé, de cujas núpcias nasceram 12 filhos.
Lindalva, a sexta filha do casal, já dava sinais de uma especial predestinação divina, pois se entregava com naturalidade às práticas de piedade. Após concluir o segundo grau passou a cuidar do pai, idoso e doente, com todo carinho e paciência. Quando este faleceu, Lindalva, aos 33 anos, entrou para a Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo: queria servir a Cristo nos pobres.
Terminado o período do noviciado foi enviada para o Abrigo Dom Pedro II, em Salvador, BA, recebendo o ofício de coordenar uma enfermaria com 40 idosos, sendo responsável pela ala do pavilhão masculino.
Lindalva foi assassinada em Salvador no ano de 1993
Em 1993, devido a uma recomendação, o abrigo acolheu entre os anciãos Augusto da Silva Peixoto, homem de 46 anos. Ele passou a assediar a freira e chegou até mesmo a manifestar-lhe suas intenções. Ela começou a ter medo e procurou afastar-se o mais que pôde.
Por não ser correspondido, Augusto foi à Feira de São Joaquim na Segunda-feira Santa e comprou uma peixeira, que amolou ao chegar no abrigo. Não dormiu na noite de quinta para Sexta-Feira Santa. De manhã, irmã Lindalva havia participado da Via-Sacra, ao raiar da aurora, na paróquia de Boa Viagem. Ao regressar, foi servir o café da manhã aos idosos. Subiu as escadarias da enfermaria, como se estivesse subindo para o calvário, e pôs-se a servir pão com café e leite para os internos da ala masculina. Todos eles estavam em fila, esperando a vez. A irmã, compenetrada com o café, tinha a cabeça baixa quando sentiu um toque no ombro: virou-se e teve tempo apenas de ver o rosto enraivecido do homem que conhecera havia poucos meses...
Em seguida, foram dezenas de facadas, pontilhadas por todo o corpo. Tudo diante do semblante horrorizado dos velhinhos que assistiam à cena bem em frente à mesa de café. Um senhor ainda tentou evitar a tragédia, avançando sobre o assassino.
Os médicos legistas contaram no corpo de irmã Lindalva 44 perfurações. Naquela Sexta-Feira Santa, enquanto Cristo morria na cruz, ela morria na sua enfermaria.
Fonte: O Mossoroense